Abril é o mês de divulgação do Transtorno do Espectro Autista (TEA), popularmente conhecido como autismo, que tem seu Dia Mundial de Conscientização em 2 de abril, sendo que ao longo de todo o mês existem ações para divulgar conscientização, aceitação e inclusão.
O autismo refere-se a um grupo de transtornos, caracterizados por desafios com habilidades sociais, comunicação e por comportamentos e interesses restritos e repetitivos.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC (Centers for Disease Control and Prevention) dos Estados Unidos divulgou em março de 2023, a prevalência de TEA nos Estados Unidos de 01 caso em cada 36 crianças. No Brasil não há informações exatas, porém é presumido que em nosso país a prevalência similarmente seja alta.
Além da fita de quebra-cabeças, e do símbolo do infinito, a cor azul também costuma estar presente em iniciativas de divulgação, isso porque especialistas acreditavam que pessoas do sexo masculino tinham mais chances de serem diagnosticadas. Atualmente, é visto que as meninas eram menos diagnosticadas por conseguirem camuflar melhor os sinais. “De toda forma, observa-se que o azul proporciona tranquilidade, compreensão e emite boas vibrações, representando melhor o que as pessoas com TEA buscam encontrar”.
As causas do TEA ainda são incertas, contudo, há um número representativo de indícios que explicam o TEA como um transtorno de causa multifatorial (genética e ambiental). Contudo, tirar uma conclusão sobre o causador ainda não é possível, pois existem vários fatores conectados e não está claro sobre quais genes estão em jogo. Mesmo porque, pode ser que fatores ambientais estejam atuando com os genes, fazendo aumentar o risco do transtorno.
Os sinais do TEA surgem, normalmente, até os 3 anos de idade, no entanto, em alguns casos, é possível observar alguns sintomas em bebês. Algumas das características que o bebê pode ou não apresentar são:
· Evitar o contato visual com a mãe, inclusive durante a amamentação;
· Poucas reações emocionais, parecendo um bebê sério que quase não sorri;
· Não seguir visualmente pessoas e objetos que são mostrados;
· Ausência de sons vocais pra chamar atenção quando quer ou precisa;
· Não reagir quando chamado e pode acontecer de o bebê não gostar de colo, de beijos e de abraços.
No decorrer do seu desenvolvimento, crianças com TEA constantemente apresentam ausência ou atraso na linguagem, ou então usam a linguagem sem o propósito de se comunicar. Em suma, algumas características que a criança “pode apresentar” e que podem ajudar na identificação são:
• Dificuldade de socializar, não se interessa por outras crianças e tendem a isolar-se e preferir ficar sozinhas;
• Ausência de combinação de 2 palavras até os 2 anos;
• Não imitar;
• Atrasos motores;
• Andar na ponta dos pés;
• Parece surdo;
• Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
• Leva o braço das pessoas para obter o que deseja;
• Desorganização sensorial;
• Dificuldade para iniciar e participar de conversas;
• Dificuldade de expressar necessidades;
• Repetição supérflua de assuntos;
• Repetir frases ou palavras em momentos inadequados,
sem a devida função;
• Apego à rotina e resistência a mudanças;
• Falta de imaginação;
• Comportamentos restritos ou obsessivos;
• Crises de choro ou risadas sem motivo;
• Poucas ou ausência de manifestações de dor;
• Não ter, presumivelmente, medo de situações e eventos perigosos;
• Gostar de brincar sempre com o mesmo objeto ou não brincar com o brinquedo da forma adequada, e ausência de brincadeiras de faz-de-conta;
• Movimentos repetitivos com o corpo ou usando objetos;
• Necessidade de organização e alinhamento de objetos
muitas vezes agrupando-os por cor, tamanho ou ordem;
• Dificuldade em concentrar-se numa tarefa e realizá-la;
• Interpretação das palavras de forma literal.
O aumento do número de casos de TEA se deu devido à utilização de instrumentos de avaliação, o melhor conhecimento sobre a síndrome por profissionais da área da saúde e da educação, e porque os critérios diagnósticos são mais abrangentes. Outro motivo importante é o fato de que até pouco tempo muitas pessoas com TEA que apresentavam deficiência intelectual como comorbidade recebiam apenas o diagnóstico da segunda opção.
A Arteterapia é um campo de conhecimento bastante amplo que atende bem aos casos de autismo.
Em Arteterapia, a combinação entre arte e psicoterapia dá oportunidade de a pessoa expressar em imagens o que as palavras não conseguem dizer.
Embora não exista cura para o TEA, pesquisas revelam que a Arteterapia é capaz de contribuir na amenização de sintomas do Transtorno do Espectro Autista. Seguem alguns dos muitos benefícios que a Arteterapia oferece no autismo:
• Melhora a compreensão da linguagem e habilidades de percepção;
• Desenvolvimento de habilidades sociais;
• Promove autoexpressão;
• Aumento da autoestima e consciência corporal;
• Alivio de sentimentos de estresse e a ansiedade;
• Ajuda com problemas de processamento sensorial;
• Ajuda na produção do pensamento simbólico;
• Colabora na redução de movimentos estereotipados;
• Promove autoconhecimento e autonomia;
• Ajuda a comunicar conflitos que a pessoa não consegue expressar verbalmente;
• Favorece o aumento das capacidades emocionais, comunicativas, motoras, comportamentais e criativas.
Quando a pessoa com TEA está envolvida com as vivências arteterapêuticas, o estresse, a ansiedade e os comportamentos negativos podem ser aliviados por meio do uso terapêutico da arte. O incentivo à criatividade é capaz de propiciar o surgimento de potenciais adormecidos que poderão conceder possibilidades de ampliar capacidades de comunicação, cognição, motricidade e socialização.
Referências:
PAIVA JUNIOR, F. Prevalência de autismo: 1 em 36 é o novo número do CDC nos EUA.
Canalautismo. Disponível em: https://www.canalautismo.com.br/noticia/prevalencia-de-autismo-1-em-36-e-o-novo-numero-do-cdc-nos-eua/. Acesso: 07 jul. 2023.
PENHA. S.E.S. Ícaro: o voo do menino autista nas asas da Arteterapia. Campinas: Editora Evidencia.BR, 2019.
Sandra Erica S Penha
Arteterapeuta AATESP 496/0319
Graduada em Pedagogia. Graduanda em Artes Visuais e Fonoaudiologia. Pós graduada em Psicologia e Autismo, Análise do Comportamento Aplicada (ABA), Psicopedagogia Clínica e Institucional e Educação Especial. Com diversos cursos técnicos e de capacitação para atuar junto a pessoas com dificuldades de desenvolvimento, entre eles: PECS, DIR/Floortime, TEACCH, Curso Básico Teórico Prático em Integração Sensorial.
Professora de estágio supervisionado no curso de pós graduação em Artetereapia do NAPE. Autora do livro Ícaro: o voo do menino autista nas asas da Arteterapia e de artigos publicados na revista cientifica da AATESP e na Revista Arteterapia Cores da Vida.
Comments