Por muitas eras a palavra Sagrado era entendida exatamente como está nos dicionários: como algo relativo ou inerente a Deus, a uma divindade, à religião, ao culto ou aos ritos; sacro, santo.
Mas afinal o que realmente pode ser considerado sagrado?
No livro Arteterapia e Gênesis- O ser humano como cocriador do universo, escrito por Fabíola Gaspar, fundadora do Núcleo de Arte e Educação (NAPE), vemos a arteterapia como possibilidade de reencontrar o sagrado.
A busca de uma possibilidade de reencontrar o que é Sagrado tem na Arteterapia a leveza, a natural forma do ser humano se permitir expressar-se. Na Arte demonstra-se a proximidade com o Sagrado, usando os sentidos para captar detalhes da própria natureza ou da imaginação. Assim, na Arte aparecem os elementos da natureza, as cores, as relações desse ser com seu meio, tudo fica retratado e vai além, utilizando o caminho do que é conhecido e experimentando o desconhecido, através de sons, imagens abstratas e outros caminhos incompreensíveis aparentemente, mas palpáveis ao espírito.
Sobre este caminho ao encontro e reencontro do que é Sagrado e de dar materialidade à” dádiva do momento”, Philippini assim traduz:
[...]o caminho criativo em Arteterapia tem o propósito de concretizar, dar forma e materialidade ao que é inatingível, difuso, desconhecido ou reprimido. [...] Fica claro, então, que situa-se no interior do próprio homem a imagem de Deus, e que, todo indivíduo pode experimentar a plenitude de Deus ao encontra-se com o divino em si mesmo. O que está se falando é de conhecer em si a plenitude, e não de achar-se Deus, mas de experienciar a plenitude que Nele se encontra.
Quando se abre a possibilidade de encontrar e reencontrar o que é Sagrado em tudo, é possível exercitar a criatividade, o novo, deixar para traz o “normótico” e sombrio para exercer o “olhar” do que é invisível, porém, belo aos olhos e alegre para o coração.
A Arteterapia questiona a realidade atual com suas mazelas e também fornece traços da realidade invisível. A criatividade pode, então, tornar-se manifestação do amor incondicional.
Referências bibliográficas:
- Philippini, 2012, p.207-208
Texto retirado do livro “Arteterapia e Gênesis “O ser humano como cocriador do Universo” da professora Fabíola Gaspar.