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Foto do escritorNAPE - Núcleo de Arte e Educação

CRIANÇAS E O ELEMENTO TERRA







A terra é outro elemento que atrai as crianças em suas brincadeiras. Caminhando, correndo, pulando, rolando, deslizando em terrenos planos e inclinados, elas experimentam subidas e descidas, criando rampas e obstáculos que desafiam o equilíbrio do corpo. Do contato com o elemento terra brotam misturas com a água e surge a lama,

cuja textura gelatinosa para alguns suscita uma estranha rejeição por ser identificada como algo sujo, e, para outros, é uma experiência corporal de total expansão, ocorrendo uma soltura que muitas vezes é seguida da vontade de ir ao banheiro.

Lambuzam o corpo todo manifestando sensações de extrema alegria, muitas vezes contagiando as crianças que inicialmente rejeitaram a experiência. Nas atividades com o barro e argila, elementos que permitem construções tridimensionais e, novas formas de representação, a terra, assim como a água, expande-se para uma experiência sensorial por todo o corpo. Assistimos com frequência às crianças cobrindo seus pés e pernas com areia, brincando de esconder partes do corpo. À medida que vão experimentando essas sensações, algumas pedem para ser enterradas, deixando apenas a cabeça do lado de fora e ali permanecem um tempo sem se mexer até que seu próprio corpo espontaneamente expresse o movimento de saída, libertando-se do peso da areia. Essa brincadeira é muitas vezes repetida por crianças que parecem ter necessidade de um espaço que as contenha.




É no corpo e através do corpo, em contato direto com a pele, a superfície que delimita a relação do corpo com o mundo externo, que a criança experimenta sensações que vão dando o contorno de sua individualidade, construindo e estruturando conhecimentos corporais e psíquicos significativos.

Seja na terra ou na areia, buracos profundos vão surgindo, ativados pela fantasia das crianças de chegarem até o fundo da Terra, quem sabe chegar até o Japão, do outro lado do planeta. Ao lado das escavações cada vez mais profundas, surgem as montanhas elevadas, que se transformam em vulcões de onde brotam o fogo e a fumaça que vêm do centro da terra. Essas brincadeiras são vividas e repetidas por diferentes idades que vão se apropriando a cada ano de instrumentos e habilidades mais adequados a lidar com esses elementos, terra e fogo, realizando seus projetos sempre acompanhados por um professor que acolhe as experiências e está atento aos aspectos de segurança.

Em quase todas as culturas, a terra foi identificada pelos homens como a matéria-prima da criação. Ela é considerada uma matriz continente de minerais, metais, além de ser o curso dos rios e fecundada pelas chuvas, carregando o símbolo da fertilidade. O caráter sagrado da terra está ligado ao seu papel nutridor de toda a sociedade.




A experiência das crianças no preparo da terra para plantar a semente e esperar o momento do crescimento e da colheita desenvolve a noção cíclica do tempo e as etapas que se sucedem a cada fase de crescimento.

Essas atividades colaboram para diferenciações de ritmos, uma vez que cada semente, apesar de receber o mesmo tratamento, traz sua singularidade no processo de desenvolvimento. Aprendem as crianças, aprendem os professores a lidar com a ciclicidade e singularidade do próprio processo de desenvolvimento humano. Esses processos, vividos concretamente, são portadores de conhecimentos que, uma vez incorporados, serão indicadores importantes em aprendizagens futuras que envolvem a capacidade de abstração das crianças.

O manuseio do barro, agregando a ele sementes, flores, gravetos, pedras e outros elementos encontrados nas caminhadas por terrenos baldios, onde a natureza ainda se apresenta com sua vegetação natural, manifestam expressões singulares onde uma estética harmoniosa aparece em diferentes formatos.

O tanque e as caixas de areia são presenças fundamentais dentro das atividades propostas para as crianças na Casa Redonda, pois são espaços insubstituíveis para brincadeiras grupais e individuais nessa idade. A qualidade da areia colocada nesses recipientes precisa de cuidado extra. A areia de rios é portadora de uma poeira e de um consistência que não permite a realização plena das construções das crianças.





Usamos uma areia especial que, pela presença do sal, como a areia das praias, nos permite elaborações em três dimensões, diversificando e ampliando os desenhos.

Entrando em contato com o trabalho de “sandplay”, método terapêutico criado por Dora Kauf na Suíça, utilizamos o modelo da caixa de areia e de objetos como mais um recurso expressivo a ser disponibilizado para as crianças. Surgiu dessa experiência outra possibilidade de as crianças expressarem suas histórias movidas pela presença de diferentes objetos. Em alguns momentos elas brincam sozinhas, e, em outros, surgem companheiros que passam a compartilhar a brincadeira compondo cenários animados pelos objetos que tomam vida e se expressam em contínuo movimento.


Texto: Brincando com os elementos- Gitta Mallasz (Casa Redonda Centro de Estudos)


Assista sobre o Elemento Terra na Arteterapia no Youtube:

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