A natureza básica do ser humano aponta para a perfeição, para a inteireza, já que, segundo conhecimento bíblico, somos imagem e semelhança de Deus. Além disso, todo o universo tende à santidade, ou seja, ao saudável. Pierre Weil, em suas pesquisas sobre o sânscrito, relata que sempre se impressionou com a semelhança entre sanidade (saúde) e santidade. A diferença é apenas de um t”. Para Pierre Weil, “saúde seria o estado sagrado”1.
Toda atuação humana que não coincide com essa lógica traz um caráter desarmônico que gera consequências não apenas para a humanidade, mas para todo o universo já que tudo e todos estão vinculados. O protagonismo, o participar da vida como integrante de tudo que existe é libertador porque traz de volta a santidade, a saúde em todos os níveis, seja no corpo, na alma e no espírito. A saúde e o bem-estar dependem dessa ótica e do reconhecimento da dependência mútua entre todos os seres viventes.
Fritjhof Capra destaca essa mudança de paradigma, de um mundo mecanicista para uma visão holística, “[...] que concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas”2.
De acordo com a visão sistêmica, as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. Essas propriedades são destruídas quando o sistema é dissecado, física ou teoricamente, em elementos isolados. Embora possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes.3
Nessa direção, vale ressaltar que todos os níveis de doença, tanto física, quanto emocional e espiritual, apontam para as distorções na forma como tem sido buscado inutilmente o bem-estar, com métodos que levam a pessoa cada vez mais longe do seu alvo original de obter vida e saúde. O “egoísmo” traduz muito bem a busca cada vez maior de viver a dimensão individual (do ego) em detrimento de viver a totalidade, que representa a verdadeira harmonia, a vivência humana com o todo da criação.
O ser humano espiritual, social, emocional e racional chega ao momento presente distante da sua essência perfeita, em crise profunda de valores, descompromissado de ética e extremamente confuso sobre sua origem e sua necessidade de retornar às bases. É necessário vivenciar a humildade de ser tão importante quanto os outros seres vivos com modéstia e submissão. A submissão, por sua vez é aceitar uma condição de dependência. Interdependência revela a necessidade de parar de discriminar os seres vivos e simplesmente entender que cada um é essencial, independente da ordem simplicidade ou complexidade que se apresente. “Cada criatura [...] é apenas uma gradação padronizada [...] de um grande todo harmonioso”.4
A diferença entre Sanidade e Santidade, é de apenas de um “T”. Para Pierre Weil, “saúde seria o estado sagrado”5.
Por Fabíola Gaspar
1 WEIL, Pierre, Sanidade e santidade. In: LIMA, Lise Mary A. (Org.). O espírito na saúde. 5. ed.Petrópolis: Vozes, 2001. p. 30
2 CAPRA, Frithjot. A Teia da Vida: uma compreensão científica dos sistemas vivos. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 25
3 CAPRA, 1997, p. 40-41.
4 CAPRA, 1997, p. 35
5 WEIL, Pierre, Sanidade e santidade. In: LIMA, Lise Mary A. (Org.). O espírito na saúde. 5. ed.Petrópolis: Vozes, 2001. p. 30
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