Para Groddeck, considerado por muitos o pai da medicina psicossomática, “a doença não existe como entidade, mas somente como expressão da totalidade do homem, como expressão do ‘id’." (GRODDECK, G., 1992, p. 173)
Interpretar corretamente o que essa totalidade está expressando através dos sintomas é diagnosticar, primeiro passo para seu tratamento e cura.
Toda e qualquer doença tem uma expressão no corpo e na psique simultaneamente.
A doença orgânica “é uma expressão simbólica que visa compensar uma atitude unilateral da consciência [...] com a finalidade de levar o indivíduo a integrar o reprimido, religando o ego ao seu eixo com o Self [...] um excesso de energia canalizando unilateralmente”. (RAMOS, D.G., 2001, p.54-55)
Ainda com relação ao diagnóstico de doenças, é importantíssimo destacar que levantar categorias de doenças, quantificar patologias, nada acrescenta aos conhecimentos já acumulados nas ciências médicas e psiquiátricas.
Daí necessita ampliar um pouco mais o conceito de saúde. Tomemos o modelo analítico que considera como meta do homem a realização diferenciada do seu Self, seu centro totalitário e sustentador. Para esse modelo junguiano saúde é o que permite encontrar e realizar esse Self. E esse caminho só é percorrido quando houver integração entre a razão e a sensação, o sentimento e a intuição.
Vejamos o que diz a este respeito Jean-Yves Leloup:
[...] a doença consiste em viver em apenas uma parte de si mesmo: viver apenas em sua cabeça, viver somente suas sensações, viver somente sua afetividade, viver somente da sua inspiração ou de suas revelações interiores [...] (como) viver de belas mensagens se elas não estiverem encarnadas na matéria, no corpo. (LELOUP,J.-Y, In.: Lima (org),2001, p. 18-19)
Agora, para que um ser saudável permaneça saudável é preciso que se situe num local saudável, mantenha metas saudáveis e preferencialmente conviva com pessoas igualmente saudáveis. Este raciocínio nos conduz à questão de transcendência humana.
A definição mais plena de saúde leva o homem a se perguntar:
- Quem sou eu realmente?
- Porque eu vivo esta vida?
- Para quem eu vivo?
O sentido do homem conduz inevitavelmente a uma abordagem espiritual ou transcendental, sem a qual a totalidade do ser não se concretiza.
Doença e saúde são conceitos que se referem a um estado das pessoas e não a órgãos ou partes do corpo.
Quando as várias funções corporais se desenvolvem em conjunto harmonioso, recebe o nome de saúde. Se uma função falha compromete a harmonia do todo e então falamos de doença.
Portanto, doença significa a perda relativa da harmonia na consciência e no âmbito da informação, e se mostra no corpo... o corpo é a concretização da consciência... é a consciência que se desequilibra e o fato se torna visível e palpável na forma de sintomas corporais.
REFERÊNCIAS
GRODDECK, George. Estudos Psicanalíticos Sobre Psicossomática. São
Paulo: Editora Perspectiva, 1992.
LIMA, Lise Mary Alves (org). Espírito na Saúde. 5 ed. Petrópolis: Vozes,
2001.
RAMOS, Denise Gimenez. A Psique do Corpo. São Paulo: Summus, 1994.
Texto por Fabíola Gaspar- Psicóloga, Arteterapeuta e Coordenadora Técnica do NAPE
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